A 5ª edição do Archtrends Summit, fórum de conteúdo voltado para arquitetos e profissionais de design, realizado pela Portobello, teve muito conteúdo de valor e, é claro, presença marcada do Casoca. O tema central foi Me is We, com foco em sustentabilidade, comunidade e cultura colaborativa. Nos acompanhe e fique por dentro de tudo que rolou!
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O design sustentável como mensagem coletiva, consciente e sexy
O evento traz, desde o início, a reflexão sobre o senso de comunidade, de que estamos todos conectados. A ideia central é a de que ações individuais podem impactar na vida de milhares de pessoas. E qual seria o papel da arquitetura e do design dentro deste conceito sinérgico? Como a nossa comunidade pode agregar positivamente a este quadro?
Foto: Acervo Archtrends Summit
Alex Atala, ao falar sobre a conexão entre a gastronomia e o design diz que esta interação é feita “através da ergonomia, design, apresentação e sedução”. Nesta perspectiva, o design da sua cozinha é descrito por ele como natural e instintivo, derivado de uma harmonia implícita.
Neste objetivo de trazer uma cozinha funcional e sustentável, nasceu a parceria do chef de cozinha com a marca Portobello para co-criar uma linha de revestimentos de cozinhas em porcelanato, onde é posto em prática o conceito de que o design sustentável deve ser sexy e apelativo ao público.
Humberto Campana, cofundador do estúdio Campana junto a seu irmão Fernando, ao falar sobre sustentabilidade na ressignificação de materiais e ideias, salienta o reemprego de materiais coletados no entorno imediato para fabricação de suas peças. Sua consciência sustentável é atrelada à ideia de “transformar uma coisa banal num falso brilhante”.
A presença feminina na arquitetura e design a experiência do usuário
Num segundo momento, o evento parte da constatação de que o mercado da arquitetura e do design ainda é majoritariamente masculino. Nesse cenário, as mulheres ainda precisam ganhar mais espaço e isso se apresenta como um desafio. Para contribuir com a discussão, fizeram parte da palestra a UX designer Nina Talks e as arquitetas e urbanistas Gab de Matos e Patrícia da DOMA Arquitetura, todas criadoras de conteúdo online.
Foto: Acervo Archtrends Summit
A ideia compartilhada por todas as palestrantes é que, ao ganhar espaço como influencer no mundo digital, é extremamente importante se colocar como inspiração para que outras mulheres consigam ganhar espaço no mercado de trabalho.
Nina Talks afirma que a ideia de começar um canal no youtube veio quando ela percebeu a carência de autoridades femininas no assunto de UX (área de design que cuida da experiência do usuário em produtos digitais), como também profissionais que estavam começando: existia apenas a presença de grandes nomes já estabelecidos no ramo.
A Gab de Matos salientou sua representatividade não apenas como mulher, mas como mulher negra. Seu projeto Arquitetas Negras se iniciou com um formulário voltado para outras mulheres arquitetas também negras e suas dificuldades em atuar no universo do design e arquitetura pela falta de representação.
Desta forma, Gab procurou sua comunidade, conheceu (e compartilhou) suas dores e produziu um livro. Hoje, a partir de algo que começou com o Arquitetas Negras, ela explica que existem mais de 700 arquitetas negras vinculadas entre si.
Patrícia Pomerantzeff, da DOMA Arquitetura, fala sobre sua experiência com estereótipos no meio arquitetônico, exemplificando a vez que foi convidada a fazer um canal no youtube com a pegada DIY (faça você mesmo). No entanto, seu intuito era outro: ela queria mostrar sua realidade dentro da obra. Foi aí que acabou recebendo um não por não ter a “cara dos meninos”. Mas para a recusa, sua resposta foi “é delícia a gente receber um não, porque a gente vai lá e faz”, e foi exatamente o que aconteceu.
Ela ainda põe em destaque a sensibilidade e intuição feminina como diferencial no trabalho. Sobre os perrengues da atuação dentro deste universo masculino, ela destaca sua maternidade precoce como desafio, já que professores da faculdade não entendiam e diziam para ela escolher entre os estudos e a vida de mãe. No entanto, ela foi categórica: “eu posso ser tudo o que eu quiser, junto e ao mesmo tempo”.
Sobre o conceito de sustentabilidade, Gab de Matos explica que a perspectiva da coletividade, a partir de uma óptica africana, influenciou bastante a arquitetura brasileira, fato não muito conhecido nos dias de hoje. Ela exemplifica isso através do conceito Ubuntu: “eu sou porque nós somos”, que se traduz na sociedade, segundo ela, como o olhar para tudo e para todos.
A arte como ressignificadora de momentos e perspectivas
Vik Muniz, artista e fotógrafo brasileiro, traz uma mensagem poderosa: a arte tem o poder de nos tirar da rotina e enxergar de outros ângulos e perspectivas. O artista pontua ainda que os materiais que utiliza são “uma desculpa para entrar em um novo processo”, o que acaba se tornando um novo ciclo de aprendizado. Ao aprender o que seria arte, por exemplo, ele afirma que a arte humaniza e tem o poder de mudar a percepção que as pessoas têm delas mesmas.
Foto: Acervo Archtrends Summit
Nós do Casoca amamos participar do evento e aprender sobre sustentabilidade, representatividade feminina, inovação e arte no universo da arquitetura, tudo isso com profissionais brilhantes em áreas diversas. Para conferir o evento na íntegra é só acessar o link: Archtrends Summit 2022 | Portobello
